terça-feira, 30 de agosto de 2011

Bons e velhos tempos


" Esta é uma pequena Historia, que veio de um lugar chamado imaginação!"

Hoje completo 65 anos, nunca gostei de fazer aniversario na véspera de natal, principalmente quando era criança, sempre ganhava um único presente pelas duas datas, enquanto eu via todos meus irmãos ganharem dois presentes por ano.

Passei toda minha juventude na fazenda de meu pai, eu e minhas três irmãs estudávamos quase o dia todo, meus três irmãos também, mas em boa parte do dia eles também ajudavam meu pai na fazenda de café.

Com 20 anos, conheci um rapaz. Jorge Moraes era bem apessoado, de família boa, meu pai gostava dele e sentía-se feliz em ver que finalmente eu me interessara por alguém, já que ele havia tentado me arrumar uns 20 pretendentes e eu sempre dizia que não. Ele era um pai muito bom para a época.

A ditadura não me permitiu estudar a advocacia que tanto queria, então em 27 de maio de 1965 me casei com Jorge.

Durante quase dês anos tive um vida normal, cuidando de meu marido e de minha única filha.

No dia 26 de maio de 1975, quando estávamos indo comemorar 10 anos de casados na fazenda de meus pais, foi que minha vida começou a mudar, não me lembro do acidente, somente do estrago que ele fez em minha vida.

Minha filha não gostou de morar na casa dos avos, mas eu não podia cuidar dela sozinha, ela nunca se conformou com a morte do pai, ela o amava, assim como eu sempre o amei.

Minha mãe faleceu de tuberculose em outubro de 1981 e meu pai afundou na tristeza e pouco depois, em abril de 1982, faleceu.

Voltei com Julia ao rio de janeiro, na nossa antiga casa, logo ela começaria a faculdade.

Quando Julia saiu de casa para estudar foi que dei conta que estaria sozinha, sem Jorge e sem Julia.

Julia terminou a faculdade em 1992, e já estava noiva, Mateus e Julia se casaram pouco depois.

Eles moravam perto de casa, mas quase não tinham tempo de me visitar, já que trabalhavam muito.

Passei anos quase completamente sozinha, até que em 2003 descobri um tumor maligno na cabeça, fiz diversos tratamentos e uma cirurgia. Eu fiquei bem, após 4 anos de luta pela vida.

Eu realmente estava bem, mas Julia não quis correr riscos. Hoje estou em uma casa de repouso, já faz quase dois anos, Julia me visita raramente, Jorge me visita em meus sonhos, não tenho amigos e passo o dia todo sozinha, pensando em como alguém que foi tão feliz na juventude, poderia passar o fim da vida tão sozinha e sem ninguém.

Autora: Juliana Saraiva

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